Compositor: René Pérez
Quando a paisagem colapsa
E não haja pista para o pouso
E os milagres não salvem mais as pessoas
Porque os santos se jogaram de uma ponte
Quando o clima perda o controle
E a pele se queime ao Sol
Quando a areia é deixada em paz
E o oceano se afogue com suas próprias ondas
Quando o chão tremer
E as nuvens caiam do céu
E as árvores estejam de joelhos
Com os troncos finos mostrando as costelas
Quando não restarem vestígios nem pegadas
E a Lua trombe com as estrelas
E quebra o que já estava quebrado
Aqui estaremos nós
Quando não houver quase nada
E o dia nos presenteie com seu último olhar
E não hajam folhas para o vento soprar
E a história perca o conhecimento
Quando a chuva se desidrate
E antes de chegar ao chão, ela se mate
Quando o para-quedas não abrir
Quando as letras não formarem palavras
Quando as plantas morrem
E enquanto dormem, a carne se adoente
Quando o Polo Norte derreter
Quando os números não importem
E os barcos não flutuem
E os aviões choquem contra os trens e explodam
E os animais se comam entre eles
E as religiões arranquem os pescoços
Quando as bandeiras peguem fogo
E tudo passe agora, e nada passe logo
E se acabem os segundos
E as mãos do tempo enforquem o mundo
Quando tudo vá mais devagar
Quando a matéria não ocupe espaço
E a gravidade se assuste e saiamos voando
Aqui estaremos esperando